Entregues os prémios aos contemplados com a serigrafia do cartunista António

O sorteio de duas serigrafias do cartunista António, promovido pelo MPPM no recente Acampamento «Dêem uma oportunidade à Paz», organizado pela Plataforma para a Paz e o Desarmamento, contemplou Maria João Leandro, do Porto, e André Inácio Lopes, de Samora Correia. O MPPM agradece a todos os participantes e felicita os premiados.

Esta serigrafia, de que foram tirados 90 exemplares assinados pelo autor, reproduz o cartoon de António que conquistou o Grande Prémio do XX Salon International de Cartoon, Montreal, 1983.

Trata-se de um pastiche de uma fotografia icónica da II Guerra Mundial que retrata um grupo de crianças e mulheres judias a serem expulsas do ghetto de Varsóvia para serem encaminhadas para o campo de extermínio de Treblinka, na sequência do esmagamento pelas SS nazis da revolta ocorrida naquele ghetto entre 19 de Abril e 16 de Maio de 1943.

Quase 40 anos depois, no dia 16 de Setembro de 1982, teve lugar o massacre dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, a sul de Beirute, capital do Líbano. Cumprindo ordens de Israel, que invadira o Líbano e controlava Beirute, a Falange, uma milícia libanesa cristã comandada e armada por Israel, entrou nos campos e entregou-se a uma matança selvática. Soldados israelitas controlavam o perímetro dos campos, e durante a noite disparavam foguetes luminosos para ajudar a acção dos criminosos falangistas.

O massacre foi de uma barbaridade inaudita. Ao entrar no campo de Chatila no dia 19, a americana Janet Lee Stevens, que trabalhava para a Amnistia Internacional, deparou-se com a cena de corpos com membros e cabeças cortadas, alguns rapazes castrados, corpos retalhados com cruzes. Na época, o número de mortos foi estimado em 700, mas o repórter britânico Robert Fisk, testemunha ocular, diz que o número se aproximou mais de 1700, enquanto a OLP disse que foram mortos quase 3500 palestinos.

António não ficou indiferente a este massacre e ao facto de que os que despudoradamente se reclamam herdeiros das vítimas de ontem serem os algozes de hoje. Desenhou, então este cartoon, em que as crianças e mulheres judias se tornam nas crianças e mulheres palestinas, e os soldados israelitas tomam o lugar dos soldados nazis.

O autor

António (António Moreira Antunes), nascido em Vila Franca de Xira a 12 de Abril de 1953, é um consagrado caricaturista político português.

Colabora ou colaborou com diversos jornais e revistas, mantendo desde 1974 uma presença regular no Expresso.

O seu trabalho, sempre interveniente e muitas vezes polémico, tem sido exibido nas mais variadas exposições nacionais e internacionais e tem sido frequentemente premiado, dentro e fora de Portugal.

Em 1983 recebeu um dos muitos prémios que iriam marcar a sua vida: o Grande Prémio no XX Salão Internacional de Cartoon em Montreal com um desenho espoletado pela invasão israelita do Líbano.

Em 2012 foi convidado a desenhar vários cartoons de personalidades portuguesas, para a Estação do Aeroporto do Metropolitano de Lisboa.

Agradecimentos

O MPPM agradece reconhecidamente a António a cedência graciosa desta obra, autorizando a sua reprodução para apoio à sua actividade pela defesa dos direitos do povo palestino e pela paz no Médio Oriente.

O MPPM agradece, também, encarecidamente ao Prof. José Carlos Paiva, Director da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, que assegurou graciosamente a composição e reprodução da serigrafia


Na imagem: Maria João Leandro mostra a serigrafia com que foi contemplada
 

Print Friendly, PDF & Email
Share