Eleições em Israel: sucesso da Lista Conjunta, um golpe para Netanyahu

As eleições legislativas em Israel de 17 de Setembro saldam-se por uma ligeira vantagem do partido Kahol Lavan sobre o Likud, com a Lista Conjunta de partidos não sionistas num destacado terceiro lugar.
 
Aida Touma-Sliman, agora reeleita pela Lista Conjunta, afirmou em declarações à agência palestina WAFA que a coligação teve um bom resultado nas eleições, que constituíram um duro golpe para o presidente do partido Likud, Benjamin Netanyahu, e sua política de incitamento contra os cidadãos palestinos de Israel.
 
Os resultados, quando estão contados 95% dos votos, indicam que o Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, deverá atingir 32 deputados, sendo ultrapassado pelo Kahol Lavan (Azul e Branco), liderado pelo antigo chefe de Estado-Maior das forças armadas Benny Gantz, que somará 33 deputados. 
 
Abre-se agora um período de intensas negociações em que cada partido tentará reunir uma maioria dos 120 deputados. O Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa), de Avigdor Lieberman, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e da defesa, com 9 lugares, pode ser o fiel da balança e procura um «governo de unidade nacional». Em qualquer dos casos, trata-se de partidos sionistas, que prosseguirão a invariável política anti-palestina, de segregação, ocupação, repressão e anexação, declarada ou de facto. 
 
Quanto à Lista Conjunta, que congrega quatro partidos maioritariamente compostos por palestinos cidadãos de Israel (20% da população do país), além de judeus não sionistas, alcança um resultado que oscila entre os 12 e os 13 deputados, confirmando-se como a terceira força no Knesset (parlamento).
 
Aida Touma-Sliman classificou o resultado da Lista Conjunta como «notável». Netanyahu ficou «a cambalear», embora os resultados finais ainda não sejam conhecidos e ainda haja a possibilidade de ele manter uma presença no governo, de uma maneira ou de outra.
 
A principal razão do aumento da percentagem de votos palestinos em comparação com as eleições de Abril, afirmou a deputada — que é também dirigente do Hadash, um dos partidos componentes da coligação —, é que os eleitores queriam ver os partidos árabes palestinos unidos numa lista conjunta (em Abril concorreram em duas listas separadas).
 
Além disso, os ataques de Netanyahu contra os palestinos de Israel ao longo da campanha eleitoral criou nos eleitores sentimentos de raiva e desafio, levando-os a votar em grande número.
 
«Conseguimos formular um objectivo político específico na actual campanha eleitoral e levá-lo aos nossos eleitores, dizendo que era possível afastar Netanyahu do poder», prosseguiu Aida Touma-Sliman.
 
«Somos a única voz clara contra a ocupação, que luta de maneira intransigente nesta matéria. A ocupação deve acabar e o Estado palestino independente deve ser criado», afirmou a deputada.
 
A Lista Conjunta é formada por quatro partidos maioritariamente compostos por cidadãos palestinos de Israel: a Frente Democrática pela Paz e Igualdade (Hadash, que também inclui judeus não sionistas, um dos quais foi eleito deputado), a Lista Árabe Unida, a Aliança Democrática Nacional (Balad) e o Movimento Árabe pela Renovação (Ta'al).
 
Foto Ynet: eleitos da Lista Conjunta celebram o bom resultado
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