Dois palestinos mortos pelas forças israelitas em Gaza na 51.ª semana da Grande Marcha do Retorno

Dois palestinos foram mortos esta sexta-feira por tiros israelitas durante os protestos da junto à vedação com que Israel isola a Faixa de Gaza. Os mortos, baleados em incidentes separados, foram identificados como Nedal ‘Abdel Karim Ahmed Shatat, de 29 anos, e Jihad Munir Khaled Hararah, de 24.

Nesta 51.ª semana das manifestações desarmadas da  Grande Marcha do Retorno, as forças repressivas israelitas também feriram outros 181 palestinos, incluindo 53 menores, cinco mulheres, um paramédico e três jornalistas.

Os soldados israelitas encontravam-se posicionados deitados de bruços e em jipes militares ao longo da vedação, abrindo fogo e disparando bombas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que não representavam qualquer ameaça iminente ou perigo para a vida dos soldados.

Estas novas violações tiveram lugar apenas algumas horas depois de o Conselho de Direitos Humanos da ONU ter adoptado uma resolução condenando o «aparente uso intencional de força letal e outra força excessiva» contra os manifestantes civis na Faixa de Gaza.  Votaram a favor 23 países, 8 contra (Austrália, Áustria, Brasil, Bulgária, República Checa, Fiji, Hungria e Ucrânia), registando-se 15 abstenções.

O Conselho requereu que a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos reforce a presença de campo nos territórios palestinos ocupados para fiscalizar e documentar as continuadas violações do direito internacional no contexto dos grandes protestos civis, de acordo com as conclusões da comissão internacional independente de inquérito sobre esta questão, que apurou que Israel matou 189 manifestantes, entre os quais 35 menores, em Gaza, entre 30 de Março e 31 de Dezembro de 2018, concluindo que Israel cometeu graves violações do direito internacional.

Pelo menos 252 palestinos foram mortos por fogo israelita desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de Março, a maioria deles alvejados durante os protestos semanais junto à vedação, enquanto outros foram atingidos por disparos de tanques ou ataques aéreos. No mesmo período foram mortos dois soldados israelitas, nenhum deles no contexto das manifestações.

Os protestos semanais da Grande Marcha do Retorno exigem o fim do cerco israelita à Faixa de Gaza, que dura há 12 anos, e o direito dos refugiados palestinos e seus descendentes a voltarem para suas casas na Palestina histórica — como prevê a Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU —, de onde foram expulsos em 1948 na campanha de limpeza étnica por ocasião da fundação do Estado de Israel.

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