Dois palestinos feridos por forças israelitas em Gaza sofrem amputação de uma perna porque Israel nega passagem para tratamento médico

Dois palestinos alvejados pelas forças israelitas na Faixa de Gaza ocupada sofreram a amputação de uma das pernas porque as autoridades de Israel negaram a sua transferência para um hospital da Cisjordânia.
As autoridades israelitas referiram explicitamente a participação dos dois jovens nos recentes protestos da Grande Marcha do Retorno como a razão pela qual o pedido foi rejeitado.
Segundo um comunicado do Adalah (Centro Jurídico pelos Direitos da Minoria Árabe em Israel), Yousef Karnaz, de 20 anos, e Mohammad Al-'Ajouri, de 17, foram feridos a tiro por atiradores de elite israelitas em 30 de Março, o primeiro dia da Grande Marcha do Retorno.
O Hospital Shifa de Gaza, «que não tinha meios para salvar as pernas dos feridos», encaminhou-os para o Hospital Al Istishari, em Ramala, no dia 1 de Abril, e no mesmo dia foi entregue aos militares israelitas um pedido de saída de Gaza e transferência para Ramala.
Só depois de uma intervenção do Adalah e pelo Centro Al-Mezan pelos Direitos Humanos, de Gaza, em 4 de Abril, é que as autoridades israelitas responderam, rejeitando os pedidos.
Apesar de admitir que «a situação médica dos dois feridos justificava a saída de Gaza para cuidados urgentes», declara o Adalah, «o Estado [israelita] pormenorizou uma política punitiva destinada a evitar que os feridos deixassem Gaza para cuidados médicos devido à sua suposta participação num protesto».
O Supremo Tribunal de Israel deveria apreciar hoje o caso, já que um dos jovens pode precisar de outra amputação se não receber tratamento em Ramala.
«Não quero perder a outra perna», declarou ao jornal israelita Haaretz o jovem Yousef Karnaz, que está à espera de saber se ela poderá ou não ser salva. «Apanhei duas balas: uma atingiu a minha perna esquerda e a esmagou-a e a outra atingiu a minha perna direita, ferindo-me gravemente na tíbia», afirmou o jovem, que diz ser um jornalista em início de carreira que com a sua máquina fotográfica queria documentar os protestos ao longo da fronteira da Faixa de Gaza cercada com Israel. 
O Adalah observa que «o acto voluntário de negar assistência médica urgente, nestas circunstâncias, pode constituir tratamento cruel, desumano e degradante e/ou tortura ao abrigo da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura, ratificada por Israel».
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