«Do projecto sionista ao genocídio»: uma entrevista exclusiva com Pierre Stambul

O seu livro «Du projet sioniste au génocide», publicado em Janeiro de 2025 (*), é um manancial de informações sobre a história do Médio Oriente durante o século xx. Em particular, refere que os termos «semita» e «anti-semita» pertencem à «linguagem do inimigo». Pode desenvolver este raciocínio? 

Na Antiguidade, existiram vários povos semitas: os acádios, os cananeus, os arameus, os fenícios, os assírios, os babilónios, os hebreus, os árabes, etc. Existem línguas semíticas: o aramaico, o hebraico, o árabe. Mas é claro que não existe uma «raça» semita ou uma «raça» ariana. Diz-nos a biologia que as raças não existem. Os judeus não são «semitas» ; são, na sua maioria, descendentes de convertidos de diferentes regiões e de diferentes épocas. O mundo árabe-muçulmano tem origens que nada têm a ver com os semitas – é o caso dos egípcios ou dos berberes. Mesmo a palavra «Palestina» vem dos filisteus, que não eram semitas.

O termo «semita» é, portanto, mal utilizado. O mesmo acontece com o termo «anti-semita». Na segunda metade do século xix, surgiram na Europa os primeiros teóricos do «racialismo». Foram Vachier de Lapouge, Gobineau, Chamberlain e Marr. Para eles, havia raças superiores e raças inferiores: negros, árabes e índios no mundo colonizado, judeus e ciganos na Europa. Foi o jornalista alemão Wilhelm Marr que inventou o termo «anti-semita». Ele entendia referir-se apenas aos judeus. Era uma designação incorrecta, mas que se impôs.

E que podemos dizer da expressão «guerra Israel-Hamas», que é habitualmente utilizada, mesmo que pareça bastante assimétrica — de um lado um país, do outro um partido?

Quando as figuras emblemáticas da resistência palestina pertenciam à Fatah ou à FPLP (partido marxista), Israel prendeu-as ou assassinou-as. Marwan Barghouti (Fatah) e Ahmed Saadat (secretário-geral da FPLP) foram condenados a prisão perpétua. Nessa altura, os ocupantes israelitas permitiram o desenvolvimento dos partidos religiosos. Quando o Hamas se tornou forte, o exército israelita assassinou os seus líderes: o xeque Yassin, Ahmed Rantissi e, desde 7 de Outubro de 2023, Ismail Haniye, Yahia Sinwar e Mohamed Deif. No fundo, os dirigentes israelitas não querem um «parceiro para a paz». O que querem acima de tudo é manter os palestinos divididos. É do conhecimento público que Netanyahu permitiu que o dinheiro do Catar fosse canalizado para o Hamas, para que nunca haja um Estado palestino.

A guerra genocida contra Gaza teve um único objectivo desde o início: erradicar a Palestina, destruir a população e as infra-estruturas de Gaza, matar a população civil e empurrar os sobreviventes para o exílio. Os ataques sistemáticos contra hospitais, jornalistas e prédios de apartamentos ou o assassínio selectivo do poeta Rifat Alareer mostram claramente que a referência ao Hamas é apenas um pretexto.

Continuando ainda com a terminologia, depois de terem «definido» o anti-semitismo de forma parcial, as autoridades públicas de certos países tentam dar a sua «definição» de anti-sionismo. Que é para si um ‘anti-sionista’?

O sionismo é uma ideologia. É uma resposta ao anti-semitismo, mas é a pior resposta de todas. É uma teoria de separação que decreta que judeus e não judeus não podem viver juntos, nem no país de origem nem no Estado judaico. É uma narrativa nacional que afirma que, após 2000 anos de exílio, os judeus regressam a casa; mas os descendentes dos judeus da Antiguidade são… os palestinos. É um colonialismo de substituição que começou há mais de um século a expulsar o povo indígena É um nacionalismo que inventou o povo, a língua e a terra. É uma ideologia que criou um Estado etnicamente puro, quando o direito internacional exige que um Estado seja o de todos os seus cidadãos. E o sionismo não lutou contra o anti-semitismo. Sionistas e anti-semitas partilhavam a ideia de que os judeus deviam sair da Europa. Toda a extrema-direita, incluindo os anti-semitas, apoia o sionismo; o exemplo de Viktor Orban é edificante.

Ser anti-sionista significa rejeitar o racismo, o Estado etnicamente puro e o supremacismo. Significa exigir a igualdade de direitos. «Os seres humanos são iguais», proclama a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ser anti-sionista significa denunciar a limpeza étnica de 1948 e exigir a sua reparação.

Aqueles que conscientemente confundem anti-sionismo com anti-semitismo estão a violar abertamente o direito internacional. Têm uma enorme responsabilidade pelo genocídio em Gaza. 

Às vezes ficamos surpreendidos ao ver que judeus, que foram vítimas de um genocídio, são agora os algozes de um novo genocídio… Pensa que os sionistas que hoje estão no poder em Israel podem ser considerados descendentes daqueles que foram exterminados nos campos nazis?

Os judeus israelitas que estão ligados pela sua história pessoal ao genocídio nazi são uma minoria em Israel. Por exemplo, os judeus do Magrebe têm uma história dolorosa. Não eram colonos, eram nativos, e tiveram de partir com o colonizador. Os judeus do Iémen eram árabes. Foram arrancados da sua terra ancestral e obrigados a apagar a sua identidade árabe. Estes judeus foram discriminados e sujeitos a racismo quando chegaram a Israel. Mas a sua história não é uma história de genocídio.

Os líderes israelitas afirmam falar em nome das vítimas de genocídio. Trata-se de uma fraude. Todos estes dirigentes afirmam ser seguidores de Vladimir Jabotinsky, fundador da corrente «revisionista» do sionismo em 1920. Jabotinsky era amigo de Mussolini. A sua milícia, o Betar, foi treinada na Itália fascista. O Lehi do futuro primeiro-ministro Yitzhak Shamir, um produto do movimento revisionista, assassinou soldados britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. Em suma, os dirigentes israelitas não são os descendentes das vítimas, mas sim os descendentes ideológicos dos que foram colaboracionistas.

Em 1993, os Acordos de Oslo favoreciam a solução de dois Estados. Trinta e dois anos depois, um Estado tem existência real e o outro não (apesar de reconhecido por mais de 75% dos países da ONU e pelo Vaticano). Dois Estados, um Estado? Qual é o seu ponto de vista?

Em Oslo, falou-se do Estado palestino, do direito de regresso dos refugiados palestinos, de Jerusalém, dos presos — em suma, das questões centrais da Palestina —, mas nada foi assinado sobre estas questões. A única coisa que foi assinada foi a «cooperação em matéria de segurança» : a Autoridade Palestina foi criada para que o ocupado assegurasse a segurança do ocupante. E entre a assinatura dos Acordos de Oslo (Setembro de 1993) e o assassínio de Rabin (Novembro de 1995), este último instalou 60.000 novos colonos. Oslo era, portanto, uma ilusão desde o início.

Para Arafat, Oslo deveria conduzir à criação de um Estado palestino nos 22% da Palestina histórica que tinham escapado aos sionistas em 1948. Esta solução tornou-se totalmente impossível. Actualmente, existem 900.000 colonos, 30% dos quais vivem em Jerusalém Oriental. O que resta da Cisjordânia foi descrito há dez anos como um «arquipélago» por um mapa do Le Monde Diplomatique. Nesta altura, a situação é muito pior: não existe a mínima unidade ou viabilidade territorial. E qualquer unidade entre Gaza e a Cisjordânia é impossibilitada pelas forças de ocupação. Ninguém pode imaginar que os colonos sejam evacuados, tanto mais quanto muitos deles estão armados. 

Mas acima de tudo a «solução de dois Estados» não é desejável. Em primeiro lugar porque o sionismo é uma «teoria da separação», e isto levou ao fascismo. Depois porque, entre o Mediterrâneo e o Jordão, há quase tantos judeus israelitas como palestinos. Em nome de quê daríamos 78% do território a uns e 22% a outros? Mas, acima de tudo, os Palestinos são um povo de refugiados. Existem 10 milhões de descendentes de Palestinos expulsos em 1948, 6 milhões dos quais têm cartões da UNRWA. Imaginar uma paz que não os aborde não faz sentido. Contudo, a solução de dois Estados ignora-os e não repara o crime fundador: a limpeza étnica de 1948.

Imaginar uma paz sem fazer referência ao direito internacional não faz sentido. O Estado judeu, um Estado étnico, é contrário ao direito internacional. E a proibição do regresso de refugiados palestinos também o é. Os palestinos só querem uma coisa: que o direito internacional lhes seja aplicado. Liberdade, igualdade, justiça.

Como é que se pode colocar Israel no caminho do direito internacional? Além disso, que juízo se deve fazer do governo israelita e dos governos cúmplices ou mesmo co-beligerantes? E nós — a sociedade, as populações — o que podemos fazer? «Como sair desta situação?» É a pergunta que escolheu para concluir o seu último livro!

Para já, todas as soluções são utópicas. É de esperar que a solução sionista de expulsar os palestinos ou encerrá-los em reservas, como foi feito com os povos indígenas na América, seja também utópica. 

Todos os fins de guerras coloniais foram possíveis graças a uma «ruptura da frente interna» na sociedade do Estado colonial. Não haverá ruptura enquanto a sociedade do Estado colonial não sofrer com o que inflige aos povos colonizados. A guerra do Vietname terminou porque os Estados Unidos sofreram milhares de mortos e centenas de milhares de desertores. A guerra da Argélia terminou porque a opinião pública francesa não aceitou os milhares de soldados do serviço militar obrigatório que ali morreram. E os dirigentes do apartheid sul-africano renunciaram ao poder quando o país foi expulso dos Jogos Olímpicos.

Por isso, temos de estar conscientes de que uma parte importante do resultado desta guerra está a ser jogada aqui, no Ocidente. Temos de ser suficientemente fortes para obrigar os nossos governos cúmplices a deixarem de o ser e a sancionarem o ocupante. Por duas vezes na sua história, o Estado de Israel foi sancionado e cedeu imediatamente. Foi em 1957, com a evacuação do Sinai, e em 1991, com a abertura de negociações com a OLP. 

Portanto, reforcemos o BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções). Ajudemos a isolar o ocupante e a destruir a sua imagem. Tenhamos a consciência clara de que apoiar a Palestina não é apenas um estado de alma, é defender os nossos próprios direitos.

(*) STAMBUL, Pierre – Du projet sioniste au génocide. La Bussière: Éditions Acratie, Janeiro de 2025


Imagem: Pierre Stambul na apresentação do seu livro mais recente em 16 de Fevereiro de 2025 (UJFP / Maison Mémérou)


Pierre Stambul é o porta-voz da Union Juive Française pour la Paix (União Judaica Francesa para a Paz), uma associação judaica laica criada em 1994, que reúne aderentes envolvidos na luta pela paz na Palestina, portadores de uma palavra judaica, empenhados na luta contra todas as formas de racismo. Autor de numerosos livros e artigos, tem multiplicado as suas intervenções pela defesa de uma paz baseada na justiça em todo o mundo, e em particular, no Médio Oriente.


Pierre Stambul concedeu esta entrevista exclusiva ao MPPM, em Paris, em Fevereiro de 2025, por ocasião da apresentação do seu último livro.


Os artigos assinados publicados nesta secção, ainda que obrigatoriamente alinhados com os princípios e objectivos do MPPM, não exprimem necessariamente as posições oficiais do Movimento sobre as matérias abordadas, responsabilizando apenas os respectivos autores.



Votre livre « Du projet sioniste au génocide », publié en janvier 2025 (*), est une mine d'informations sur l'histoire du Moyen-Orient au cours du XXe siècle. Vous soulignez notamment que les termes « sémite » et « antisémite » appartiennent au « langage de l'ennemi ». Pouvez-vous nous en dire plus à ce sujet ? 

Plusieurs peuples sémites ont existé dans l'Antiquité : les Akkadiens, les Cananéens, les Araméens, les Phéniciens, les Assyriens, les Babyloniens, les Hébreux, les Arabes … Des langues sémitiques existent toujours : l'Araméen, l'Hébreu, l'Arabe. Mais il n'existe bien sûr aucune « race » sémite ou race aryenne. Les races biologiques n'existent pas. Les Juifs ne sont pas des « sémites », ils sont pour la plupart des descendants de convertis de différentes régions et de différentes époques. Le monde arabo-musulman englobe des origines qui n'ont rien à voir avec les Sémites : les Égyptiens ou les Berbères. Même le mot « Palestine » vient des Philistins qui n'étaient pas des Sémites.

Le terme « sémite » est donc utilisé de façon impropre. C'est encore plus vrai pour le terme « antisémite ». Dans la deuxième moitié du XIXème siècle en Europe, apparaissent les premiers théoriciens du « racialisme ». Ils ont nom Vachier de Lapouge, Gobineau, Chamberlain, Marr. Pour eux il y a des races supérieures et des races inférieures : les Noirs, les Arabes et les Indiens dans le monde colonisé, les Juifs et les Tsiganes en Europe. C'est le journaliste allemand Wilhelm Marr qui invente le terme « antisémite ». Dans sa tête, cela ne désigne que les Juifs. Le terme est impropre, mais il s'est imposé.

Et que dire de l'expression « guerre Israël-Hamas », qui est couramment utilisée, même si elle semble plutôt asymétrique – d'un côté un pays, de l'autre un parti ?

Quand les figures emblématiques de la résistance palestinienne appartenaient au Fatah ou au FPLP (parti marxiste), Israël les a emprisonnés ou assassinés. Marwan Barghouti (Fatah) et Ahmed Saadat (secrétaire général du FPLP) ont été condamnés à la prison à vie. À cette époque, l'occupant israélien a laissé les partis religieux se développer. Quand le Hamas est devenu fort, l'armée israélienne a assassiné ses dirigeants : Cheikh Yassine, Ahmed Rantissi et, depuis le 7 octobre 2023 Ismaïl Haniye, Yahia Sinwar et Mohamed Deïf. Fondamentalement, les dirigeants israéliens ne veulent pas de « partenaire pour la paix ». Et ce qu'ils veulent par dessus tout, c'est maintenir la division palestinienne. Il est de notoriété publique que Nétanyahou a laissé passer l'argent venu du Qatar pour le Hamas, afin qu'il n'y ait jamais d'État palestinien.

La guerre génocidaire contre Gaza a eu d'entrée un seul but : éradiquer la Palestine, détruire la population et les infrastructures de Gaza, tuer la population civile et pousser les survivants à l'exil. Les attaques systématiques contre les hôpitaux, les journalistes, les immeubles d'habitation ou l'assassinat ciblé du poète Rifat Alareer montrent bien que l'évocation du Hamas n'était qu'un prétexte.

Toujours sur le plan terminologique, après avoir « défini » l'antisémitisme de manière partielle, les pouvoirs publics de certains pays tentent de donner leur « définition » de l'antisionisme. Qu'est-ce qu'un « antisioniste » selon vous

Le sionisme est une idéologie. C'est une réponse à l'antisémitisme, mais c'est la pire des réponses. C'est une théorie de la séparation qui décrète que Juifs et non Juifs ne peuvent pas vivre ensemble, ni dans le pays d'origine, ni dans l'État juif. C'est un roman national qui prétend qu'après 2000 ans d'exil, les Juifs rentrent chez eux alors que les descendants des Juifs de l'Antiquité sont … les Palestiniens. C'est un colonialisme de remplacement qui a entrepris il y a plus d'un siècle l'expulsion du peuple indigène. C'est un nationalisme qui a inventé le peuple, la langue et la terre. C'est une idéologie qui a créé un État ethniquement pur, alors que le droit international impose qu'un État soit celui de tous ses citoyens. Et le sionisme n'a pas combattu l'antisémitisme. Les sionistes et les antisémites ont partagé l'idée que les Juifs devaient quitter l'Europe. Toute l'extrême droite, y compris antisémite soutient le sionisme, l'exemple de Viktor Orban est édifiant.

Être antisioniste, c'est refuser le racisme, l'État ethniquement pur et le suprémacisme. C'est exiger l'égalité des droits. Les êtres humains sont égaux, proclame la Déclaration universelle des droits de l'homme. Être antisioniste, c'est dénoncer le nettoyage ethnique de 1948 et exiger sa réparation.

Ceux qui confondent sciemment antisionisme et antisémitisme violent ouvertement le droit international. Ils portent une énorme responsabilité dans le génocide à Gaza.

On est parfois surpris de voir que les Juifs, qui ont été victimes d'un génocide, sont aujourd'hui les auteurs d'un nouveau génocide…. Pensez-vous que les sionistes qui sont aujourd'hui au pouvoir en Israël peuvent être considérés comme les descendants de ceux qui ont été exterminés dans les camps nazis ? 

Les Juifs israéliens qui sont reliés par leur histoire personnelle au génocide nazi sont minoritaires en Israël. Par exemple les Juifs du Maghreb ont une histoire douloureuse. Ils n'étaient pas des colons, ils étaient des autochtones et ils ont dû partir avec le colonisateur. Les Juifs du Yémen étaient des Arabes. Ils ont été arrachés à leur terre ancestrale et sommés de gommer leur arabité. Ces juifs ont été discriminés et victimes de racisme en arrivant en Israël. Mais leur histoire n'est pas celle du génocide.

Les dirigeants israéliens prétendent parler au nom des victimes du génocide. C'est une escroquerie. Tous ces dirigeants se réclament de Vladimir Jabotinsky, fondateur en 1920 du courant « révisionniste » du sionisme. Jabotinsky était un ami de Mussolini. Sa milice, le Bétar, s'entraînait en Italie fasciste. Issu du courant révisionniste, le Lehi du futur Premier ministre Yitzhak Shamir, a assassiné des soldats britanniques pendant toute le Deuxième Guerre Mondiale. Bref, les dirigeants israéliens ne sont pas les descendants des victimes, ils sont plutôt les descendants idéologiques des collabos.

En 1993, les accords d'Oslo privilégiaient la solution des deux États. Trente-deux ans plus tard, un État a une existence réelle et l'autre non (bien qu'il soit reconnu par plus de 75 % des pays de l'ONU et par le Vatican). Deux États, un État ? Quel est votre point de vue ?

À Oslo, on a parlé de l'État palestinien, du droit au retour des réfugiés palestiniens, de Jérusalem, des prisonniers, bref des questions centrales concernant la Palestine, mais rien n'a été signé sur ces questions. La seule chose qui ait été signée, c'est la « coopération sécuritaire » : l'Autorité palestinienne a été créée pour que l'occupé assure la sécurité de l'occupant. Et, entre la signature des accords d'Oslo (septembre 1993) et l'assassinat de Rabin (novembre 1995), ce dernier installe 60 000 nouveaux colons. Oslo a donc été d'entrée une illusion.

Pour Arafat, Oslo devait mener à la création d'un État palestinien sur les 22% de la Palestine historique qui avaient échappé aux sionistes en 1948. Cette solution est devenue totalement impossible. Il y a désormais 900 000 colons dont 30% à Jérusalem Est. Ce qui reste de la Cisjordanie était décrit il y a une dizaine d'années comme un « archipel » par une carte du Monde Diplomatique. C'est désormais bien pire, il n'y a pas la moindre unité territoriale et la moindre viabilité. Et toute unité entre Gaza et la Cisjordanie est rendue impossible par l'occupant. Personne n’imagine une évacuation des colons d'autant plus que beaucoup sont armés.

Mais surtout la « solution à deux États » n'est pas souhaitable. D'abord parce que le sionisme est une « théorie de la séparation » et cela a mené au fascisme. Ensuite parce que, entre Méditerranée et Jourdain, il y a à peu près autant de Juifs israéliens que de Palestiniens. Au nom de quoi on donnerait 78% du territoire aux uns et 22% aux autres ? Mais surtout, les Palestiniens sont un peuple de réfugiés. Il y a 10 millions de descendants des Palestiniens expulsés en 1948 dont 6 millions ont la carte de l'UNRWA. Imaginer une paix qui ne s'adresse pas à eux n'a aucun sens. Or la solution à deux États les ignore et ne répare pas le crime fondateur : le nettoyage ethnique de 1948.

Imaginer une paix sans se référer au droit international n'a pas de sens. L'État juif, État ethnique, est contraire au droit international. Et l'interdiction du retour des réfugiés palestiniens aussi. Les Palestiniens n'aspirent qu'à une seule chose : qu'on leur applique le droit international. Liberté, égalité, justice.

Comment mettre Israël sur la voie du droit international ? Et quel jugement porter sur le gouvernement israélien et les gouvernements complices, voire co-belligérants ? Et nous, la société, le peuple, que pouvons-nous faire ? Comment sortir de cette situation ? C'est la question que vous avez choisie pour conclure votre dernier livre !

Pour l'instant toutes les solutions sont utopiques. Il faut espérer que la solution sioniste, expulser les Palestiniens ou les enfermer dans des réserves comme cela s'est fait avec les peuples indigènes en Amérique, soit également utopique.

Toutes les fins de guerres coloniales ont été rendues possibles par une « rupture du front intérieur » dans la société de l'État colonial. Il n'y aura pas de rupture tant que la société de l'État colonial ne souffrira pas de ce qu'elle inflige au peuple colonisé. La guerre du Vietnam s'est achevée parce que les États-Unis ont eu des milliers de morts et des centaines de milliers de déserteurs. La guerre d'Algérie s'est terminée parce que l'opinion française n'a pas accepté les milliers de soldats du contingent morts là-bas. Et les dirigeants de l'Afrique du Sud de l'apartheid ont cédé le pouvoir quand le pays a été expulsé des Jeux Olympiques.

On doit donc être conscient : une partie importante de l'issue de cette guerre se joue chez nous en Occident. Nous devons être assez forts pour forcer nos gouvernements complices à cesser de l'être et à sanctionner l'occupant. Deux fois dans son histoire, l'État d'Israël a été sanctionné et il a cédé instantanément. C'était en 1957 sur l’évacuation du Sinaï et en 1991 sur l'ouverture de négociations avec l'OLP.

Donc voilà. Renforçons le BDS (Boycott, Désinvestissement, Sanctions). Contribuons à isoler l'occupant, à détruire son image. Ayons bien conscience que soutenir la Palestine, ce n'est pas un supplément d'âme, c'est défendre nos propres droits.

Segunda, 10 de Março de 2025 - 17:51