Direitos Humanos dos palestinos espezinhados por Israel

O Dia Internacional dos Direitos Humanos, que hoje se assinala, é um dia de luto para os palestinos. As denúncias de violações dos direitos dos palestinos pela potência ocupante, Israel, feitas por organizações palestinas, israelitas e internacionais de direitos humanos, caem em saco roto e nunca fazem primeiras páginas de jornais nem aberturas de telejornais. A comunidade internacional faz ouvidos moucos a estas denúncias. As potências ocidentais, tão preocupadas com o respeito pelos direitos humanos noutras partes do mundo, sentam-se à mesa com Israel como se se tratasse de um parceiro honesto e respeitável. E, no entanto…
No seu relatório referente a 2016/2017, a Amnistia Internacional traça este quadro negro: «As forças israelitas mataram ilegalmente civis palestinos, incluindo crianças, tanto em Israel como nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO), e detiveram milhares de palestinos dos TPO que se opuseram à continuada ocupação militar de Israel, mantendo centenas em detenção administrativa. A tortura e outros maus-tratos dos detidos continuam disseminados e são cometidos com impunidade. As autoridades continuaram a promover os colonatos ilegais na Margem Ocidental, inclusive tentando "legalizar" retroactivamente os colonatos construídos em terras palestinas privadas, e restringiram severamente a liberdade de movimento dos palestinos, fechando certas áreas após ataques de palestinos a israelitas. As forças israelitas continuaram a bloquear a Faixa de Gaza, sujeitando sua população de 1,9 milhões a uma punição colectiva, e demoliram casas de palestinos na Margem Ocidental e de aldeões beduínos na região de Negev/Naqab de Israel, expulsando a população pela força.»
Segundo dados das Nações Unidas, desde o início do ano até à data, as forças israelitas realizaram 61 incursões militares em Gaza e 1845 operações de busca e prisões na Margem Ocidental. Causaram a morte de 17 palestinos em Gaza e de 44 na Margem Ocidental, e feriram 223 em Gaza e 3390 na Margem Ocidental.
A construção de colonatos nos TPO, onde já residem quase 600.000 colonos, prossegue ao arrepio de toda a legalidade internacional. Respaldado no reconhecimento pelos Estados Unidos de Jerusalém como capital do Estado de Israel, o ministro israelita da Construção, Yoav Gallant, anunciou anteontem o plano de construir 25.000 novas unidades em Jerusalém, das quais 15.000 em Jerusalém Leste ocupada. Gozando de total impunidade, os ataques de colonos a palestinos são constantes: a ONU registou, este ano, 53 agressões e 108 destruições de propriedade.
Enquanto constrói para colonos, Israel destrói as habitações de palestinos. Em 2016, a ONU registou, na Margem Ocidental e Jerusalém Leste, a destruição de 1093 construções, expulsando 1601 pessoas. Beduínos cidadãos de Israel estão a ser expulsos das aldeias que habitavam, na maioria anteriores à criação do Estado de Israel, para dar lugar a cidades judaicas.
A apregoada única democracia do Médio Oriente está a tentar silenciar as ONG que, em Israel, defendem os direitos dos palestinos.
O Muro da infâmia, alegadamente construído por razões de segurança, mas que passa em 85% dentro de território palestino, visa afinal privar os palestinos da liberdade de circulação e apropriar-se de território palestino.
Segundo informação da Adameer, em Agosto de 2017 havia 6.198 presos palestinos nas prisões israelitas. Destes, 280 eram menores, 58 eram mulheres e 463 estavam em detenção administrativa, ou seja, sujeitos a períodos de prisão indefinidamente prorrogáveis sem acusação ou culpa formada. Ademais, o direito internacional proíbe a potência ocupante de transferir os presos para fora do seu território, o que Israel faz impunemente
O continuado bloqueio a Gaza faz com que 70% da população tenha de sobreviver com apoio humanitário. O boicote de Israel à importação de materiais de construção tem impedido a reconstrução das habitações destruídas na guerra de agressão de 2014. Os agricultores são abatidos a tiro pelos soldados israelitas quando se aproximam da cerca que isola a Faixa de Gaza, e o mesmo acontece aos pescadores que se afastam além de 6 milhas da costa.
 
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