Dezenas de palestinos feridos por forças israelitas em repressão de protestos em Gaza e na Cisjordânia
Dezenas de palestinos foram feridos esta sexta-feira na Faixa de Gaza pelas forças armadas israelitas, que abriram fogo contra os manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno.
O Ministério da Saúde do território informou que 55 palestinos foram feridos por balas reais e bombas de gás lacrimogéneo disparadas pelos militares sionistas na 74.ª sexta-feira da Grande Marcha do Retorno.
As manifestações da Grande Marcha do Retorno realizam-se semanalmente desde 30 de Março de 2018, exigindo o direito dos refugiados palestinos a regressarem aos lugares de onde foram expulsos, na Palestina histórica, na campanha de limpeza étnica levada a cabo pelos sionistas por ocasião da criação de Israel, em 1948.
Exigem também o fim do bloqueio imposto há mais de 12 anos por Israel à Faixa de Gaza, o qual, somado às repetidas agressões militares, destruiu a economia do enclave costeiro, onde dois milhões de habitantes vivem numa situação de verdadeira catástrofe humanitária.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, as tropas israelitas mataram pelo menos 307 palestinos desde o início dos protestos e feriram mais de 18 000.
Um grupo de investigadores independentes da ONU divulgou em Março passado um relatório segundo o qual as forças militares israelitas podem ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a repressão dos manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno.
Dezenas de palestinos feridos em protestos na Cisjordânia ocupada
Na Cisjordânia ocupada, também esta sexta-feira, dezenas de palestinos foram feridos por tiros e gás lacrimogéneo disparados pelas forças de ocupação israelitas, que reprimiram várias manifestações contra os colonatos ilegais e o Muro do apartheid.
Segundo a agência palestina WAFA, na aldeia de Kafr Malik, perto de Ramala, as forças israelitas atacaram com gás lacrimogéneo e balas revestidas de borracha uma marcha não violenta contra a apropriação por Israel de terras propriedade de palestinos para aí construir um novo posto avançado de colonos judeus israelitas.
Os postos avançados, apesar de serem construídos sem autorização das autoridades israelitas e considerados «ilegais» mesmo pelo direito interno israelita, beneficiam das infra-estruturas e da protecção militar do Estado sionista.
Entretanto, na aldeia de Kafr Qaddum, perto de Qalqilya, vários palestinos sofreram dificuldades respiratórias devido à inalação de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas contra uma manifestação pacífica contra os colonatos israelitas vizinhos. Desde Julho de 2011 que os moradores de Kafr Qaddum realizam protestos semanais às sextas-feiras, contra as políticas de colonização de Israel.
Na aldeia de Ni'lin, a oeste de Ramala, as forças israelitas reprimiram igualmente uma manifestação contra o Muro do apartheid, disparando grande quantidade de cartuchos de gás lacrimogéneo e granadas atordoantes. Os habitantes de Ni'lin, apoiados por activistas estrangeiros, realizam manifestações semanais desde meados de 2008 para protestar contra a construção da chamada «barreira de separação», que na realidade é um muro de betão que separa as casas da aldeia das suas terras de cultivo.