Dezenas de milhares manifestam-se em Tel Aviv contra lei racista do «Estado-Nação»

Dezenas de milhares de pessoas, judeus e palestinos de Israel, manifestaram-se na noite de sábado em Tel Aviv, para protestarem contra a lei racista do «Estado-nação».
Esta lei de carácter constitucional, aprovada a 19 de Julho, define que «o direito de exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo do povo judeu», ou seja, institucionaliza a discriminação de que sofrem os cidadãos não judeus de Israel, nomeadamente os palestinos, que constituem 20% da população e são os descendentes dos palestinos que permaneceram nas suas terras após a criação do Estado de Israel. Centenas de milhares de outros foram expulsos numa vasta campanha de limpeza étnica. A lei prescreve ainda que a língua do Estado é o hebraico, relegando o árabe para uma posição secundária. Numa palavra, confirma o carácter confessional e segregacionista do Estado de Israel.
Os manifestantes desfilaram da Praça Rabin até ao Museu de Arte de Tel Aviv, onde às 20 horas teve lugar um comício sob o lema «Abolir a lei do Estado-nação — Sim à Igualdade».
A manifestação foi convocada pelo Alto Comité de Acompanhamento dos Cidadãos Árabes de Israel, organismo que inclui representantes de todos os partidos e movimentos políticos dos palestinos cidadãos de Israel.
Um apelo comum à participação na manifestação foi lançado na quinta-feira passada por um amplo leque de organizações, movimentos e partidos, entre os quais: Hadash-Partido Comunista de Israel, partido Meretz, Ta’al (Movimento Árabe pela Renovação), Standing Together, Peace Now, Givat Haviva, Gush Shalom, Association for Civil Rights in Israel, Physicians for Human Rights, Negev Coexistence Forum for Civil Equality, Injaz Center, Emek Shave, Yesh Din, Mosawa, Combatants for Peace, The Israeli-Palestinian Parents Circle, Amnesty, Zazim and Wahat al-Salam – Neve Shalom.
Entre outros, usaram da palavra Mazen Ghanaim, presidente do comité de presidentes de autarquias árabes de Israel, Amos Schocken, director do jornal Haaretz, a professora Eva Eloz, da Universidade Hebraica, e o historiador druzo Qais Farrow.
No seu discurso, o ex-deputado Mohammed Barakeh, presidente do Alto Comité de Acompanhamento, declarou: «Hoje não nos vamos nos calar, não vamos tolerar o racismo. Estas são questões que dizem respeito a toda a humanidade. Ã lei contém muitos perigos, mas temos grandes esperanças. Não haverá outra Nakba [calamidade; referência à expulsão de 750.000 palestinos em 1948], nós não partiremos. Vamos superar o racismo e começar um futuro promissor para os nossos filhos e as nossas casas aqui. Estamos aqui para dizer que não aceitaremos o apartheid. Estamos aqui para dizer que não aceitamos menos do que a igualdade.»
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