Dezenas de feridos em «dia da raiva» na Cisjordânia ocupada contra posição dos EUA sobre colonatos

Milhares de manifestantes palestinos participaram nesta terça-feira num «dia de raiva» na Cisjordânia ocupada para protestar contra a recente posição dos EUA sobre os colonatos israelitas, declarando que não violam o direito internacional.

Respondendo ao apelo de diversos movimentos políticos palestinos, milhares de pesssoas congregaram-se para protestar em várias cidades da Cisjordânia ocupada. Alguns grupos entraram em confronto com as forças repressivas israelitas, que tinham declarado estado de alerta máximo.

O Crescente Vermelho Palestino informou que durante os protestos as forças israelitas provocaram ferimentos em pelo menos 77 pessoas, causados por balas de aço revestidas de borracha ou inalação excessiva de gás lacrimogéneo.

Houve uma greve parcial, com escolas, universidades e repartições governamentais fechadas. Realizaram-se também comícios em Ramala, Nablus, Tulkarem, Belém e Hebron, durante os quais  dirigentes políticos falaram aos manifestantes sobre o impacto da decisão dos EUA no terreno e prometeram combater essa declaração aos níveis local e internacional.

Em Ramala reuniram-se cerca de 2000 pessoas, lançando fogo a cartazes do presidente dos EUA, Donald Trump, e também a bandeiras israelitas e estado-unidenses.

«A política estado-unidense enviesada em favor de Israel e o apoio estado-unidense aos colonatos israelitas e à ocupação israelita só nos deixam uma opção: voltar à resistência», afirmou perante os manifestantes Mahmoud Aloul, dirigente do movimento Fatah.

Nos checkpoints (postos de controlo) israelitas perto de Ramala, Belém e Hebron, dezenas de manifestantes atiraram pedras às forças israelitas, que responderam com gás lacrimogéneo.

Anunciada no passado dia 18 de Novembro pelo secretário de Estado, Michael Pompeo, a decisão assumida pela administração Trump de não considerar ilegais os colonatos israelitas nos territórios palestinos ocupados reverte quatro décadas de política estado-unidense.

Além disso, é contrária ao direito internacional, nomeadamente a IV Convenção de Genebra, que proíbe a instalação de população da potência ocupante nos territórios ocupados, e a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, que explicitamente sublinha a ilegalidade dos colonatos.

Naturalmente, os dirigentes israelitas saudaram a decisão dos EUA, já que desígnios de anexação por Israel da Cisjordânia ocupada se viram reforçados. Em contrapartida, sai enfraquecida a possibilidade da constituição de um Estado palestino independente nos territórios ocupados.

Israel capturou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (além da Faixa de Gaza e dos Montes Golã sírios) na guerra de 1967, começando de imediato a criar colonatos nesses territórios. Actualmente, cerca de 700.000 colonos israelenses vivem em colonatos instalados nos territórios palestinos ocupados.

Foto: agência Ma'an

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