Crianças palestinas de Gaza visitam Jerusalém pela primeira vez
Foi uma viagem de apenas 80 quilómetros, mas para o grupo de crianças palestinas da Faixa de Gaza que visitaram Jerusalém Oriental no passado domingo, 20 de Agosto, foi como viajar para um mundo distante. Foi a primeira vez que as 91 crianças, com idades entre os 8 e os 14 anos, puderam visitar Jerusalém.
Estando Gaza fisicamente desligada da Margem Ocidental, é a primeira vez que a maioria das crianças vê o resto dos territórios palestinos: só 7 é que já alguma vez tinham saído da Faixa de Gaza. No caso de algumas das crianças, será também a primeira vez que poderão encontrar-se com parentes que aí residem.
Organizada pela UNRWA (Agência de Obras Públicas e Socorro das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente), a viagem faz parte de um programa de intercâmbio de Verão entre crianças palestinas de Gaza e da Margem Ocidental ocupada, «para cada grupo ver a outra parte da Palestina».
Após Jerusalém, em que visitaram a mesquita de Al-Aqsa e a igreja do Santo Sepulcro, durante o resto da semana as crianças irão a várias cidades da Margem Ocidental ocupada, incluindo Ramala e Nablus.
Na Faixa de Gaza, com apenas 365 km2 (como termo de comparação, cerca de 90 dos 308 concelhos portugueses têm uma área maior), vivem dois milhões de pessoas. Submetida desde há 10 anos a um sufocante bloqueio israelita e a restrições por parte do Egipto, é praticamente impossível aos seus habitantes sair do minúsculo território a não ser para tratamentos médicos urgentes. Segundo a organização israelita Gisha (Centro Jurídico para a Liberdade de Movimento), em Julho de 2017 Israel concedeu apenas metade das autorizações de saída concedidas em igual mês do ano passado.
O bloqueio israelita tem como consequência uma pobreza extrema e uma das mais altas taxas de desemprego do mundo. Nos últimos meses o fornecimento de electricidade, que sempre foi insuficiente, reduziu-se para apenas 3 ou 4 horas por dia. A ONU preveniu que Gaza se poderia se tornar inabitável até 2020, nomeadamente por falta de agua potável, se as tendências actuais não forem alteradas.
Quinta, 17 Agosto, 2017 - 00:00