Construção de colonatos «pode não ajudar», diz Casa Branca após Netanyahu anunciar a construção de novo colonato

A administração do presidente Donald Trump surpreendeu muitos observadores na quinta-feira, 2 de Fevereiro, ao publicar um comunicado que vai a contra-corrente do anúncio da construção de um novo colonato na Margem Ocidental ocupada, feito na véspera pelo primeiro-ministro israelita.«Embora nós não acreditemos que a existência de colonatos seja um impedimento à paz, a construção de novos colonatos ou a expansão dos colonatos existentes além das suas fronteiras actuais pode não ajudar a alcançar esse objetivo», diz uma declaração do secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer. Este acrescentou que «a administração não tomou uma posição oficial sobre a actividade de colonização» e que aguarda futuras discussões, incluindo com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que deverá encontrar-se com Trump a 15 de Fevereiro.Segundo a B’Tselem, organização de direitos humanos israelita, a última vez que Israel criou novos colonatos na Margem Ocidental ocupada foi em 1999. O novo colonato anunciado por Netanyahu seria assim o primeiro desde há quase duas décadas, embora tenha sempre prosseguido quer a construção de novas casas nos colonatos já existentes, com particular intensidade durante a administração Obama, quer a criação de novos postos avançados («sem autorização oficial»).O novo colonato seria uma «compensação» ao movimento dos colonos pela evacuação esta semana pela polícia israelita do posto avançado de Amona, construído em terrenos palestinos privados e considerado ilegal pelo próprio direito israelita (todos os colonatos israelitas nos territórios palestinos ocupados são ilegais à luz do direito internacional, como reafirmou a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, de 23 de Dezembro de 2016); a sua evacuação foi ordenada pelo Supremo Tribunal de Israel.Talvez confiante numa atitude de apoio incondicional por parte da administração Trump, desde a tomada de posse deste Israel anunciou planos para cerca de 6000 novas unidades habitacionais em colonatos na Margem Ocidental ocupada.O significado político da declaração da Casa Branca não passou despercebido em Israel. Chemi Shalev, comentarista do jornal isrelita Haaretz, observa que «a principal importância da declaração é o próprio facto de ter sido feita».Entretanto, em comunicado publicado na sexta-feira, 3 de Fevereiro, a Frente Democrática de Libertação da Palestina condenou as declarações da administração Trump de que a existência e a construção de colonatos não são um impedimento à paz, exortando a Autoridade Palestina a retirar o reconhecimento do Estado de Israel.

Sábado, 04 de Fevereiro de 2017 - 00:23