Conselho de Segurança da ONU aprova resolução contra colonatos israelitas. «É um dia de vitória», diz a OLP.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje, 23 de Dezembro, uma proposta de resolução censurando Israel pelas suas actividades de colonização nos territórios palestinos ocupados.Os EUA abstiveram-se, ou seja, não usaram o seu direito de veto, invertendo a sua política de longa data de proteger o regime israelita de resoluções condenatórias no Conselho de Segurança. Votaram a favor quatro dos cinco membros permanentes (China, França, Reino Unidos, Rússia), e os 10 membros não permanentes actuais: Angola, Egipto, Espanha, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.É a primeira resolução sobre Israel e os palestinos que o Conselho de Segurança aprova desde há cerca de oito anos.A votação estava inicialmente programada para ontem, quinta-feira, mas o Egipto, autor do texto da resolução, tinha-a retirado depois de o regime israelita ter pedido ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que pressionasse o país norte-africano no sentido de adiar a votação.No entanto, na sexta-feira, a Malásia, a Nova Zelândia, o Senegal e a Venezuela apresentaram de novo o projecto, que exorta Israel a «cessar imediata e completamente todas as actividades de colonização no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental» e afirma que a construção dos colonatos israelitas «não tem validade legal e constitui uma violação flagrante do direito internacional».Do lado palestino, o porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, comentou: «A resolução do Conselho de Segurança da ONU é um grande golpe na política israelita, uma condenação internacional unânime dos colonatos e um forte apoio à solução de dois Estados.»Por seu lado, Saeb Erekat, secretário-geral da OLP, afirmou que «este é um dia de vitória para o direito internacional», acrescentando: «A comunidade internacional disse ao povo de Israel que o caminho para a segurança e a paz não passará pela ocupação … mas pela paz, pelo fim da ocupação e pela criação de um Estado palestino vivendo lado a lado com o Estado de Israel nas linhas de 1967.»Reflectindo a surpresa dos meios dirigentes de Israel, habituados à inabalável protecção dos Estados Unidos, o ministro da Energia de Israel, Yuval Steinitz, que é próximo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, declarou ao Canal 2 da televisão israelita: «Esta não é uma resolução contra os colonatos, é uma resolução anti-Israel, contra o povo judaico e contra o Estado dos judeus. Os Estados Unidos simplesmente abandonaram o seu único amigo no Médio Oriente.»O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu no Twitter afirmando que «depois de 20 de Janeiro as coisas vão ser diferentes».Os pontos principais da resolução são os seguintes:[O Conselho de Segurança da ONU] «Reafirma que a criação por Israel de colonatos no território palestino ocupado desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, não tem validade legal e constitui uma violação flagrante do direito internacional e um importante obstáculo à realização da solução de dois Estados.»«Reitera a sua exigência de que Israel cesse imediata e completamente todas as actividades de colonização no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental.»«Salienta que a cessação de todas as actividades de colonização israelitas é essencial para salvar a solução de dois Estados, e apela a medidas afirmativas a serem tomadas imediatamente para inverter as tendências negativas no terreno que estão a pôr em perigo a solução de dois Estados.»«Sublinha que não reconhecerá quaisquer alterações às linhas de 4 de Junho de 1967, incluindo no que diz respeito a Jerusalém, que não sejam as acordadas pelas partes através de negociações.»«Exorta todos os Estados a distinguirem, nas suas relações relevantes, entre o território do Estado de Israel e os territórios ocupados desde 1967.»De acordo com números fornecidos pela ONU, pelo menos 570.000 colonos israelitas vivem em cerca de 130 colonatos e 100 postos avançados na Margem Ocidental ocupada. 

Sexta, 23 de Dezembro de 2016 - 00:00