Conselho de Direitos Humanos da ONU aprova investigação da matança de Gaza
O Conselho de Direitos Humanos da ONU (UNHRC) votou sexta-feira favoravelmente uma investigação sobre a matança de manifestantes desarmados por Israel na Faixa de Gaza cercada e acusou Israel de uso excessivo da força.
A resolução foi apoiada por 29 países; 2 países votaram contra (EUA e Austrália) e 14 abstiveram-se.
O UNHRC exortou Israel, como potência ocupante, a suspender o bloqueio à Faixa de Gaza, que descreveu como uma punição colectiva dos civis palestinos, e a abrir imediata e incondicionalmente todas on pontos de passagem entre o território palestino e Israel e a permitir a entrada de pessoas, bens e ajuda humanitária.
A resolução do UNHRC prevê o envio imediato de uma comissão de inquérito independente para investigar todas as violações cometidas contra os protestos em Gaza, no quadro da Grande Marcha do Retorno, que começaram em 30 de Março.
Falando numa sessão especial do Conselho, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid bin Ra'ad al-Hussein, afirmou que o que aconteceu em Gaza no dia 14 de Maio foi uma tragédia e uma grave violação das Convenções de Genebra.
Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, saudou a resolução do UNHRC, exprimindo ao mesmo tempo a esperança de que seja seguida por «medidas punitivas sérias, incluindo sanções legais, políticas e económicas, para conter definitivamente as graves violações de Israel». Por seu lado, o movimento Hamas declarou que a resolução do UNHRC é um passo importante para pôr a nu «a face real de Israel», pedindo à comunidade internacional e ao Tribunal Penal Internacional que responsabilizem Israel pelos seus crimes. A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) elogiou as decisões do Conselho e considerou-as «um novo golpe para o Estado ocupante e o seu parceiro, a administração americana». Também a Frente Democrática para a Libertação da Palestina elogiou a decisão do Conselho e condenou a «vergonhosa» posição dos Estados Unidos.
São os seguintes os resultados completos da votação:
A favor (29): Afeganistão, África do Sul, Angola, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Burundi, Catar, Chile, China, Costa do Marfim, Cuba, República Democrática do Congo, Egipto, Emiratos Árabes Unidos, Equador, Eslovénia, Espanha, Filipinas, Iraque, México, Nepal, Nigéria, Paquistão, Peru, Quirguistão, Senegal, Tunísia e Venezuela. Contra (2): Austrália e Estados Unidos. Abstenções (14): Alemanha, Croácia, Eslováquia, Etiópia, Geórgia, Hungria, Japão, Panamá, Quénia, República da Coreia, Ruanda, Suíça, Togo e Reino Unido.