Conselho Central Palestino reitera rejeição do «acordo do século»

O Conselho Central Palestino (CCP), o segundo órgão mais importante da OLP — depois do Conselho Nacional Palestino —, afirmou na passada sexta-feira, 17 de Agosto, a sua forte rejeição do chamado «acordo do século», sublinhando que irá combatê-lo com todos os meios disponíveis. , Segundo relata a agência noticiosa oficial palestina Wafa, o Conselho considerou também que o governo estado-unidense é um parceiro do governo de ocupação israelita e que faz parte do problema e não da solução.
No comunicado final da sua 29.ª sessão ordinária, realizada na sede presidencial em Ramallah e presidida por Mahmoud Abbas, o Conselho Central sublinhou a continuação do corte de relações políticas com o governo dos EUA até que ele retire as suas decisões ilegais sobre Jerusalém, os refugiados e os colonatos.
Também sublinhou que a relação entre a Palestina e o governo de Israel como potência ocupante é uma relação baseada no conflito entre o povo palestino e seu Estado ocupado e a potência ocupante.
O Conselho rejeitou todos os esquemas visando separar a Faixa de Gaza da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, capital eterna da Palestina, como parte do «acordo do século».
O Conselho afirmou que uma trégua com a potência ocupante israelita é uma responsabilidade nacional da Organização de Libertação da Palestina, como o único representante legítimo do povo palestino, e não uma acção para as facções, como foi o caso nas negociações indirectas palestino-israelitas em 2014 que se basearam na iniciativa egípcia para deter a agressão israelita contra a Faixa de Gaza, ou para propor projectos humanitários, aeroportos e portos marítimos fora das fronteiras do Estado da Palestina, a fim de destruir o projecto nacional e liquidar a causa palestina. Insistiu que não haverá Estado na Faixa de Gaza nem um Estado sem a Faixa de Gaza.
O CCP aprovou as recomendações apresentadas pelo Comité Executivo da Organização de Libertação da Palestina no sentido de aplicar as decisões do Conselho Nacional e de apresentar um plano abrangente com calendários específicos para redefinir as relações políticas, económicas e de segurança com a potência ocupante israelita, incluindo a suspensão do reconhecimento do Estado de Israel até que este reconheça o Estado da Palestina nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com capital em Jerusalém Oriental, a cessação da coordenação de segurança em todas as suas formas, a separação económica — com base no facto de que a fase de transição, incluindo os Protocolos de Paris, deixaram de existir — e iniciar o processo de transição da fase da Autoridade para a a realização da independência do Estado soberano.
Boicotaram a reunião do CCP a Frente Popular para a Libertação da Palestina — a segunda organização mais importante da OLP, a seguir à Fatah —, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina e a Iniciativa Nacional Palestina. Além destas, que são membros da OLP, também estiveram ausentes o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica Palestina. A FPLP e a FDLP sublinharam a necessidade de reactivar os esforços no sentido da unidade de todas as forças políticas e sociais palestinas.
A reunião do CCP teve lugar ao mesmo tempo que decorriam, com mediação do Egipto e de Nikolai Mladenov, Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz do Médio Oriente, negociações indirectas entre o Hamas e Israel visando uma trégua na Faixa de Gaza. A perspectiva dessa trégua e as notícias referentes a projectos destinados a melhorar a situação económica no enclave palestino deram lugar a uma violenta condenação por parte da Autoridade Palestina e da Fatah — força dominante na AP e na OLP —, acusando o Hamas de «traição ao povo palestino» e criticando o Egipto por propiciar acordos nas costas da Autoridade Palestina.

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