Colóquio na Voz do Operário: «Como é viver na Palestina hoje?»

Como é viver na Palestina após 50 anos de colonização? Esta foi a pergunta a que procuraram responder os participantes no Colóquio realizado n’A Voz do Operário. E a resposta não podia ser mais devastadora. Nos cinquenta anos que se seguiram à ocupação da Margem Ocidental, de Jerusalém Oriental e de Gaza, na sequência da guerra dos Seis Dias, com a cumplicidade da comunidade internacional, Israel tem procedido à pilhagem de recursos naturais, apropriação ou destruição de casas e terras, e construção de colonatos, concretizando uma política de colonização, contrária ao Direito Internacional e inúmeras vezes condenada – inconsequentemente – em instâncias internacionais, de que o Muro do Apartheid é a face mais visível.
Vítor Agostinho, da Direcção da Voz do Operário, deu as boas-vindas aos presentes e destacou o compromisso da associação que dirige com a solidariedade para com as pessoas e os povos.
José Oliveira, da Direcção Nacional do MPPM, traçou um esboço histórico da intervenção externa que conduziu à ocupação da Palestina e à expulsão ou assassinato de muitos dos seus habitantes naturais.
Fernando Quaresma, estudante, participou como voluntário num campo de trabalho em Nablus e relatou a sua experiência das dificuldades da vida quotidiana, tanto em Nablus como nas outras cidades da Margem Ocidental que visitou, onde a presença militarizada do ocupante é permanentemente visível.
Adriana Mabília, jornalista brasileira, visitou demoradamente a Palestina e relatou a sua experiência no seu livro “Viagem à Palestina: Uma prisão a céu aberto”. Com base nas numerosas entrevistas que realizou, com dirigentes, activistas e pessoas comuns, e até com novos colonos agenciados pelo Fundo Judaico, traça um retrato vívido do dia-a-dia em casa, no trabalho, na escola, mas também na resistência pacífica ao invasor.
José Goulão destacou a inconsequência dos sucessivos “processos de paz” e a inoperância cúmplice da comunidade internacional, em relação a um processo que se iniciou há 130 anos, com o manifesto sionista, e que se tem agravado sucessivamente. Denunciou a incompetência das organizações internacionais, incapazes de fazer cumprir as resoluções que aprovam. Terminou com uma nota de actualidade sobre a nova situação no Médio Oriente, cujo desfecho é imprevisível.
No final, o único aspecto positivo a destacar é a inabalável capacidade de resistência do povo palestino e o nosso dever de solidariedade.
 
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