Centenas de extremistas judeus protegidos por polícia invadem complexo de al-Aqsa em finais do Ramadão

Centenas de extremistas judeus protegidos pela polícia de choque israelita entraram hoje no complexo de al-Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada, provocando a indignação dos fiéis muçulmanos.

A provocatória visita ocorreu durante um dos últimos dias do mês sagrado muçulmano do Ramadão, quando os fiéis se reúnem para rezar na mesquita de al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islão, onde as orações não muçulmanas estão proibidas.

Normalmente os israelitas judeus são impedidos de aqui entrar durante os últimos 10 dias do mês sagrado muçulmano do Ramadão. Hoje esse período coincidiu com o «Dia de Jerusalém», em que os israelitas comemoram a ocupação de Jerusalém Oriental no final da guerra de 1967. Porém, da última vez em que se deu essa coincidência, em 1988, o complexo da mesquita de al-Aqsa foi fechado aos judeus.

O Waqf, a organização muçulmana que supervisiona o local, disse que a polícia israelita fechou as portas da mesquita e as acorrentou. As forças repressivas usaram balas de borracha e gás-pimenta, prendendo sete pessoas e ferindo 45.

Omar al-Kiswani, director da mesquita de al-Aqsa, acusou Israel de violar um acordo no sentido de não permitir tais visitas durante os últimos dias do Ramadão, afirmando que visitaram o local no domingo cerca de 1200 judeus, número similar ao avançado por uma organização judaica que organiza visitas.

Segundo noticiou Harry Fawcett, da cadeia de televisão Al Jazeera, «o que tinha sido anunciado era que os judeus não seriam autorizados a entrar no complexo da mesquita de al-Aqsa devido à sensibilidade até ao final do Ramadão. Mas o que realmente aconteceu foi que centenas do que provavelmente são colonos de extrema direita e nacionalistas religiosos se reuniram ao portão exigindo entrar. Depois de a polícia aparentemente ter decidido que eles poderiam entrar, começaram protestos dos palestinos e as forças [repressivas israelitas] entraram para reprimir as manifestações. Nessa altura, os colonos judeus foram autorizados a entrar».

A Jordânia, que é legalmente a guardiã do complexo, criticou «a continuação das violações israelitas contra al-Aqsa, através da invasão de extremistas de maneira desafiadora com o apoio das forças de segurança».

Saeb Erekat, secretário-geral do Comité Executivo da OLP, denunciou os ataques e provocações na mesquita Al Aqsa, que «arrastam a região para um novo ciclo de violência que ameaçará a segurança de toda a região».

Também os partidos políticos palestinos condenaram os incidentes.

A Fatah, que lidera a Autoridade Palestina, descreveu os acontecimentos como um acto de «terrorismo».

Por seu lado, o Hamas, que governa a sitiada Faixa de Gaza, afirmou que a perseverança do povo palestino indica que este recusa as «políticas da ocupação» que visam mudar o status quo do complexo da mesquita de al-Aqsa.

Para a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), este caso marca uma nova escalada que confirma a «intenção da ocupação de judaizar» al-Aqsa, acrescentado que se trata de uma tentativa do partido do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de conseguir ganhos políticos após a dissolução do Knesset (parlamento israelita).

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