Casa do Alentejo enche-se para ouvir Hanan Awwad e manifestar solidariedade com a Palestina

Teve hoje lugar, na Casa do Alentejo, em Lisboa, o anunciado «Encontro de Informação sobre a Actual Situação na Palestina» em que era oradora principal a escritora e poetisa Hanan Awwad.
A Mesa do Encontro, presidida pelo Prémio Nobel de Literatura, José Saramago, compreendia ainda os seguintes membros : Aquilino Ribeiro Machado, engenheiro, ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa; Frei Bento Domingues, Sacerdote Dominicano; Carlos Carvalho, Secretário da CGTP; Issam Besseisso, Embaixador da Autoridade Palestiniana; João Cunha Serra, engenheiro, Presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação; Jorge Cadima, Professor Universitário (UTL); Silas Cerqueira, Investigador e Docente Universitário (CEA Univ. do Porto).
No final do Encontro foi aprovada por aclamação a seguinte
Moção
Os 200 participantes do Encontro de Informação sobre a Actual Situação na Palestina, realizado em Lisboa no dia 7 de Setembro de 2004, sob a presidência do escritor José Saramago e com a escritora e poetisa palestiniana Hanan Awwad como oradora, depois de terem ouvido o seu testemunho caracterizado pela autenticidade e profundidade: 
1- Manifestam a maior preocupação pela tragédia que vive o Povo Palestiniano nos territórios que Israel ocupa há décadas, com o apoio dos sectores mais conservadores dos EUA. Nos últimos anos, "processo de paz " após "processo de Paz" a situação dos palestinianos não só não melhora, como cada vez se torna pior. É o que sucede agora com o "Road Map", o "Roteiro para a Paz", o qual -- após grandes concessões da Autoridade Palestiniana -- aprovado e "garantido" pelo Conselho de Segurança e o "Quarteto" (EUA, UE, Rússia, ONU) continua sem ter a mínima implementação. Pelo contrário, Sharon reforça a ocupação da Margem Ocidental do Jordão -- através de colonatos e do "Muro" já condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia -- acenando ao mesmo tempo com uma retirada unilateral da Faixa de Gaza, que transformará este território numa quase prisão para milhão e meio de palestinianos condenados à fome. A ocupação israelense continuada, sem limites e sem fim, viola os direitos do Povo Palestiniano à auto-determinação e independência, agrava a crise económica e humanitária, a tensão e o clima de guerra no Médio Oriente, a violência com tremendos custos humanos.  São destruídas sistematicamente as casas e as culturas dos palestinianos, que contam dezenas de milhares de feridos e milhares de mortos, enquanto simultaneamente se registam também em Israel numerosos e sucessivos casos de vítimas inocentes. 
2. Num Médio Oriente cada vez mais marcado pela guerra e a ocupação estrangeira, está em perigo a sobrevivência do Povo Palestiniano como povo. Assim, os participantes no encontro de 7 de Setembro de 2004 em Lisboa: 
propõem-se promover novas iniciativas de solidariedade com o Povo Palestiniano e a favor de uma Paz justa para todos os povos da região; 
chamam a opinião pública nacional, as diferentes associações, as grandes organizações democráticas e as autarquias, a desenvolverem urgente solidariedade moral, humanitária, política, material com o martirizado Povo palestiniano; 
reclamam do Governo Português que nessa área venha a assumir, de uma vez por todas, uma política externa em conformidade com o Artigo 7º da nossa Constituição, com o interesse nacional e a defesa da Paz, sem subserviência à actual linha da Administração americana, rejeitando a política guerreira do Governo de Sharon; 
apelam ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a que providencie uma efectiva protecção à Palestina e à sua soberania, que defenda a vida ameaçada dos palestinianos e leve o Estado de Israel a cumprir as resoluções das Nações Unidas e a respeitar os princípios da Carta e do direito internacional; 
verberam o Estado de Israel pelo cerco a que há aproximadamente três anos vem submetendo o Presidente da Autoridade Palestiniana e manifestam a sua solidariedade ao povo palestiniano, aos prisioneiros palestinianos, evocando, no mesmo passo, a luta tenaz e desigual que, sob a presidência de Yasser Arafat, tem vindo a ser mantida. 
Print Friendly, PDF & Email
Share