Brutal punição colectiva por Israel após morte de dois soldados na Cisjordânia ocupada em alegado ataque por atropelamento
As forças de ocupação israelitas impuseram uma série de brutais medidas de punição colectiva contra a família do suspeito de um alegado ataque por atropelamento ontem, 16 de Março, perto do colonato israelita ilegal de Reihan, no Norte da Cisjordânia ocupada.
No alegado ataque, ocorrido junto a um posto militar na estrada entre os colonatos israelitas de Mevo Dotan e Hermesh, morreram dois soldados israelitas e ficaram feridos outros três, um deles em estado grave.
O alegado atacante, identificado como Ala Rateb Abed al-Latif Kabha, de 26 anos, ficou moderadamente ferido e foi levado sob prisão para o Hospital Hillel Yaffe em Hadera, Israel. Anteriormente tinha estado preso durante 17 meses numa cadeia israelita, tendo sido libertado em Abril passado.
Um parente declarou ao jornal israelita Haaretz que Ala Kabha é pintor da construção civil. «Ele foi a Jenin para comprar tintas e estava a caminho de casa», disse o parente. «Ele não tem filiação política nem faz parte de nenhuma organização. Acreditamos que é um acidente infeliz e não um ataque terrorista como eles afirmam.»
Na noite de ontem, sexta-feira, dezenas de soldados israelitas invadiram a aldeia de Barta'a, localizada dos dois lados da linha que divide Israel e a Cisjordânia ocupada, onde reside Ala Kabha. A casa da família foi revistada e os membros da família interrogados, sendo preso o irmão de 25 anos de Ala, Issa. Um tio foi também preso.
O major-general Yoav Mordechai, coordenador das actividades governamentais nos territórios (organismo das forças armadas de Israel, já que a Cisjordânia ocupada está sob jurisdição militar), ordenou a suspensão imediata das licenças de trabalho para a família Kabha, que possui 67 licenças de trabalho em Israel e 26 licenças de comércio.
As forças israelitas também colocaram a área sob bloqueio, criando barreiras e postos de controlo à entrada e à saída da aldeia.
Na sequência do alegado ataque, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu hoje que Israel vai demolir a casa do alegado atacante. As forças de ocupação já realizaram levantamentos topográficos da casa com vista à sua demolição.
Por seu lado, o ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, disse que pretende «aplicar a pena de morte ao autor do ataque, demolir a casa da família» e «castigar» quem quer que tenha cooperado com ele.
Também vários deputados israelitas dos partidos da coligação governamental afirmaram que vão agir no sentido de garantir que o Knesset (parlamento) aprove legislação que permita aplicar a pena de morte aos «terroristas palestinos».
A punição colectiva, considerada uma violação do direito internacional, é sistematicamente usada por Israel contra famílias de palestinos que realizam ou são acusados de realizar ataques. Essa punição geralmente consiste em demolições de casas e prisões em massa.
Sábado, 17 Março, 2018 - 00:00