Ben & Jerry's deixa de vender gelados no Território Palestino Ocupado deixando Israel irritado

A Ben & Jerry's anunciou ontem, segunda-feira, que deixará de vender os seus gelados no Território Palestino Ocupado, no que é considerado outra grande vitória para o movimento do Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

A empresa divulgou um comunicado em que afirma: «Acreditamos que é inconsistente com os nossos valores a venda de gelados Ben & Jerry's no Território Palestino Ocupado (OPT). Também ouvimos e reconhecemos as preocupações partilhadas connosco pelos nossos fãs e parceiros de confiança.»

Por razões contratuais, a medida só terá efeito no final do próximo ano: «Temos uma parceria de longa data com o nosso licenciado, que fabrica os gelados Ben & Jerry's em Israel e os distribui na região. (…) Informámos o nosso licenciado que não renovaremos o acordo de licença quando este expirar no final do próximo ano.»

A empresa tem sido pressionada por milhares de indivíduos e mais de duas centenas de organizações de 20 países para honrar a sua Missão Social, cortando os negócios da sua franquia com os colonatos israelitas.

Na declaração de Valores publicada no seu sítio, a Ben & Jerry’s declara: «Adoramos fazer gelados – mas usar o nosso negócio para tornar o mundo um lugar melhor dá ao nosso trabalho o seu significado. Guiados pelos nossos Valores Fundamentais, procuramos em tudo o que fazemos, a todos os níveis do nosso negócio, fazer avançar os direitos humanos e a dignidade, apoiar a justiça social e económica para as comunidades historicamente marginalizadas, e proteger e restaurar os sistemas naturais da Terra. Por outras palavras: utilizamos gelados para mudar o mundo.»

Israel já reagiu a este anúncio avisando a Unilever plc de «graves consequências» da decisão da sua subsidiária Ben & Jerry's, relata a Reuters.

O gabinete do primeiro-ministro israelita Naftali Bennett afirmou numa declaração que tinha apresentado uma queixa ao chefe do executivo da Unilever, Alan Jope, sobre a «gritante medida anti-israelita».

«Do ponto de vista de Israel, esta acção tem consequências graves, legais e outras, e iremos mover-nos agressivamente contra qualquer medida de boicote contra civis», disse Bennett a Jope numa conversa telefónica relatada pelo gabinete do primeiro-ministro.

Gilad Erdan, embaixador de Israel em Washington, disse que tinha levantado a decisão da Ben & Jerry numa carta a 35 governadores dos EUA cujos estados legislaram contra o boicote a Israel.

«Devem ser tomadas medidas rápidas e determinadas para contrariar tais acções discriminatórias e anti-semitas», dizia na carta divulgada no Twitter.

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