Aumento da tensão na Cisjordânia ocupada: quatro palestinos e dois israelitas mortos, Ramala bloqueada
Quatro palestinos foram mortos por forças israelitas em operações separadas nas últimas 24 horas na Cisjordânia ocupada.
O exército israelita declarou a cidade de Ramala zona militar fechada, apesar de ser a sede da Autoridade Palestina e se encontrar na Área A, em teoria sob total controlo civil e de segurança palestino.
O encerramento foi anunciado após um ataque a tiro perto do colonato ilegal de Ofra, a leste de Ramala. Dois soldados israelitas foram mortos e dois feridos por um palestino desconhecido que fugiu do local de carro, depois de se apoderar de uma das armas dos soldados.
A primeira das mortes aconteceu durante a noite de quarta-feira. No espaço de seis horas e em operações separadas, forças israelitas mataram três palestinos suspeitos de ataques a israelitas.
Na madrugada de quinta-feira, após uma perseguição de dois meses, as forças israelitas mataram um palestino acusado de matar dois colonos na Cisjordânia ocupada em Outubro passado. Ashraf Naalweh, de 23 anos, foi morto durante a operação de detenção, ocorrida no campo de refugiados de Askar, em Nablus, no norte da Cisjordânia. A casa onde Naalweh foi morto ficou crivada de balas após a operação, relatou um jornalista da AFP presente no local. O exército israelita reteve o seu corpo.
Numa outra incursão nocturna as forças israelitas mataram Salah Omar Barghouti, que era suspeito de um ataque a tiro a partir de um carro, realizado no domingo perto do colonato de Ofra, no qual sete colonos israelitas ficaram feridos. Segundo a versão realatada pela agência Wafa, Salah Barghouti, de 29 anos, foi morto quando soldados israelitas abriram fogo contra o táxi que conduzia. Pelo contrário, testemunhas citadas pelo site Middle East Eye afirmaram que foi retirado indemne do carro, do que decorre que foi depois vítima de uma execução extra-judicial. As forças israelitas apoderaram-se do seu corpo.
Na Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas mataram a tiro um palestino, Majd Muteir, que de madrugada alegadamente feriu sem gravidade dois polícias israelitas num esfaqueamento. Testemunhas citadas pela agência Wafa dizem que Mteir foi alvejado com 10 a 12 tiros e ficou deitado no chão a sangrar durante 40 minutos, acabando por morrer.
O quarto palestino foi morto a tiro na tarde de quinta-feira, após uma suposta tentativa de atropelar um grupo de soldados em al-Bireh, cidade-gémea de Ramala. Hamdan Tawfiq al-Ardah, de 60 anos, regressava da fábrica de alumínios de que era dono e, segundo a família, sofria de problemas auditivos que o terão impedido de ouvir a ordem para parar.
Vários partidos políticos palestinos, incluindo o Hamas, a Jihad Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina saudaram os ataques armados efectuados pelos palestinos e apelaram à mobilização dentro e fora da Palestina para enfrentar os crescentes ataques das forças de ocupação.
Por seu lado, reagindo aos ataques armados (todos eles efectuados em território palestino ocupado), o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu legalizar milhares de casas de colonatos judaicos — que o direito internacional considera ilegais — na Cisjordânia ocupada que foram construídas sem licenças israelitas e ainda promover a construção de 82 novas unidades habitacionais no colonato de Ofra e duas novas zonas industriais perto dos colonatos de Avnei Hefetz e Betar Ilit.
Netanyahu, que é também ministro da Defesa — e portanto respsonsável dos assuntos dos territórios ocupados —, ordenou que os militares acelerassem a demolição das casas de «terroristas» no espaço de 48 horas após um ataque. Ordenou ainda um aumento da presença de forças israelitas na Cisjordânia ocupada.