Assembleia Geral da ONU condena por maioria esmagadora reconhecimento de jerusalém como capital de Israel

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje uma resolução que rejeita a decisão dos Estados Unidos da América de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e os planos para transferir para esta cidade a embaixada dos EUA.
A resolução, apresentada pela Turquia e pelo Iémen, recebeu 128 votos a favor. Votaram contra 9 países (incluindo os EUA e Israel) e 35 abstiveram-se. Houve 21 países que não participaram na votação.
A resolução hoje aprovada é praticamente idêntica àquela que na passada segunda-feira, 18 de Dezembro, foi apresentada pelo Egipto no Conselho de Segurança e votada favoravelmente por 14 dos seus 15 membros, não tendo sido aprovada apenas devido ao veto dos EUA.
Sem nomear directamente os Estados Unidos, a resolução aprovada pela Assembleia Geral «deplora profundamente as recentes decisões relativas ao estatuto de Jerusalém» e sublinha que Jerusalém «é uma questão que releva do estatuto final e que deve ser resolvida através de negociações, como prevêem as resoluções pertinentes» da ONU.
A Assembleia Geral afirmou ainda que «quaisquer decisões e acções que pretendam ter alterado o carácter, estatuto ou composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não têm efeito legal, são nulas e devem ser revogadas em conformidade com as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança», exortando todos os Estados «a absterem-se de estabelecer missões diplomáticas» em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, aprovada em 1980.
É de sublinhar que a resolução foi aprovada por uma maioria esmagadora, apesar de nos últimos dias a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, e o próprio presidente Trump terem grosseiramente ameaçado de represálias os países que ousassem votar a favor. Votaram contra a decisão dos Estados Unidos mesmo países que são seus aliados muito próximos, incluindo quase todos os países da NATO e da União Europeia. Também Portugal votou a favor da resolução.
Os Estados Unidos vêem-se assim largamente isolados no campo diplomático como resultado da sua decisão unilateral e ilegal, que constitui um apoio aberto à violenta ocupação de Jerusalém por Israel, nunca reconhecida pela comunidade internacional.
Numa primeira reacção, Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou: «Esta decisão reafirma mais uma vez que a justa causa palestina goza do apoio da comunidade internacional, e nenhuma decisão tomada por qualquer parte pode mudar a realidade de que, à luz do direito internacional, Jerusalém é um território ocupado … Esta votação é uma vitória para a Palestina. Continuaremos os nossos esforços nas Nações Unidas e em todos os fóruns internacionais para pôr fim à ocupação e criar o nosso Estado palestino tendo Jerusalém Oriental como sua capital.»
 
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