Ariel Sharon, a unidade 101 e o massacre de Al-Bureij
Na noite de 28 para 29 de Agosto de 1953, um comando israelita chefiado por Ariel Sharon levou a cabo o massacre de dezenas de civis palestinos no campo de refugiados de Al-Bureij, na Faixa de Gaza.
A Unidade 101 fora criada nesse mês de Agosto, pelo primeiro-ministro David Ben Gurion, para levar a cabo “acções de retaliação” contra os palestinos e o seu comando tinha sido entregue a Ariel Sharon. Era uma unidade de elite das IDF (Forças de Defesa de Israel) e o seu recrutamento era feito exclusivamente por convite.
Nesse dia 28 de Agosto, a Unidade 101, no que parece ter sido uma missão de treino, entrou no campo de refugiados de Al-Bureij. Quando a sua presença foi detectada, em vez de retirar, o grupo forçou a passagem através do campo a tiro e à bomba. O general dinamarquês Vagn Bennike, chefe da missão de tréguas da ONU, deu a seguinte informação ao Conselho de Segurança: "Foram lançadas bombas pelas janelas das cabanas em que os refugiados estavam a dormir e, quando fugiam, eles eram atacados por armas de pequeno calibre e armas automáticas. As vítimas foram 20 mortos, 27 feridos graves e 35 feridos ligeiros." Outras fontes estimam entre 15 e 50 palestinos mortos.
O massacre teve forte condenação internacional e foi criticado dentro do próprio governo de Israel. Causou, também, mal-estar estre os participantes do ataque tendo um deles, Meir Barbut, declarado que se sentiu como se estivessem a massacrar os patéticos habitantes de um campo de trânsito judaico: "Os rapazes lançaram coquetails molotov contra as pessoas [inocentes], não contra os sabotadores que tínhamos vindo para punir. Foi uma vergonha para a 101 e as IDF".
No entanto, isso não impediu que Ariel Sharon e a sua nefanda Unidade 101 levassem a cabo novo massacre, entre 14 e 15 de Outubro desse ano, em Qibya, no norte da Margem Ocidental, então parte da Jordânia. Durante esta operação, mais de seis dezenas de habitantes terão sido mortos. De acordo com observadores das Nações Unidas, corpos crivados de balas perto das portas e vários buracos de balas nas portas das casas demolidas indicavam que os habitantes estariam dentro das suas casas enquanto os comandos as faziam explodir em cima deles.
Uma vez mais, houve um intenso clamor internacional. O governo de Israel negou responsabilidade no ataque que atribuiu a colonos ou kibutzins agindo por iniciativa própria.
A actividade da Unidade 101 não passou, no entanto, despercebida ao Chefe do Estado Maior, general Moshe Dayan, que decidiu que a experiência por ela adquirida devia ser compartilhada com todas as unidades de infantaria das IDF começando com os pára-quedistas do Batalhão 890. Isso foi feito em Janeiro de 1954, fundindo as duas unidades sob o comando de Ariel Sharon, que foi promovido ao posto de tenente-coronel
Em 1983, Sharon, então ministro da Defesa, foi responsabilizado pessoalmente pelo massacre de civis palestinos, perpetrado por falangistas libaneses com apoio das forças de ocupação israelitas, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila.
Ariel Sharon foi primeiro-ministro de Israel entre 2001 e 2006. Morreu em 2014 sem nunca ter sido julgado pelos seus crimes.
Segunda, 29 Agosto, 2016 - 18:32