António Guterres exorta Israel a abandonar os planos de anexação da Cisjordânia
O Secretário-Geral da ONU abriu a reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no Médio Oriente, incluindo a questão palestina, exortando o governo israelita a abandonar os seus planos de anexação que «constituiria uma violação muito grave do direito internacional, prejudicaria gravemente a perspectiva de uma solução baseada na existência de dois Estados e diminuiria as possibilidades de uma renovação das negociações».
Este é o texto integral da intervenção de António Guterres:
Dirijo-me hoje a vós com um profundo sentimento de preocupação com a evolução da situação em Israel e na Palestina. Encontramo-nos num momento crítico.
A ameaça de Israel de anexar partes da Cisjordânia ocupada alarmou os palestinos, muitos israelitas e a comunidade internacional em geral. Se aplicada, a anexação constituiria uma violação muito grave do direito internacional, prejudicaria gravemente a perspectiva de uma solução baseada na existência de dois Estados e diminuiria as possibilidades de uma renovação das negociações.
Exorto o Governo israelita a abandonar os seus planos de anexação. Os dirigentes palestinos reagiram considerando a sua absolvição de todos os acordos bilaterais com Israel e os Estados Unidos.
O aumento da fragilidade económica em consequência da pandemia da COVID-19, a redução do apoio dos doadores e a recente decisão palestina de deixar de aceitar as receitas de compensação que Israel cobra em nome da Autoridade Palestina arriscam-se a aumentar as dificuldades do povo palestino.
Como lhes disse em Fevereiro, quando falei perante vós e o Presidente Abbas no Conselho, têm todo o meu empenho em continuar a apoiar palestinos e israelitas na resolução do conflito e no fim da ocupação, em conformidade com o direito internacional, as resoluções pertinentes das Nações Unidas e os acordos bilaterais.
O objectivo é alcançar a visão de dois Estados - Israel e um Estado palestino independente, democrático, contíguo, soberano e viável - vivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, com base nas fronteiras anteriores a 1967, sendo Jerusalém a capital de ambos os Estados.
Continuarei a pronunciar-me de forma coerente contra quaisquer medidas unilaterais que possam minar a paz e as possibilidades de resolver o conflito israelo-palestino através de negociações significativas. Tais acções também dificultam ainda mais os esforços para promover a paz regional e para manter a paz e a segurança internacionais.
Exorto os dirigentes israelitas e palestinos a empenharem-se num diálogo significativo, com o apoio da comunidade internacional. Encorajo os apoiantes regionais e internacionais da solução de dois Estados a ajudarem a reconduzir as partes a uma via que conduza a uma solução negociada e pacífica. Exorto os colegas do Quarteto para o Médio Oriente a assumirem o nosso papel de mediação que nos foi mandatado e a encontrarem um quadro mutuamente aceitável para que as partes voltem a empenhar-se, sem condições prévias, connosco e com outros Estados fundamentais.
Os líderes devem agir com sabedoria e rapidez e demonstrar a vontade de fazer avançar o objectivo de uma paz justa e duradoura.