António Guterres em vista a Israel e Palestina: «Não há alternativa à solução de dois Estados»
António Guterres, actualmente realizando a sua primeira visita a Israel e à Palestina enquanto secretário-geral da ONU, declarou que não há «nenhum plano B para a solução de dois Estados». Esta declaração foi feita após um encontro com Rami Hamdallah, primeiro-ministro da Autoridade Palestina, na passada terça-feira, 28 de Agosto, em Ramala, na Margem Ocidental ocupada.«Uma solução de dois estados, o fim da ocupação, a criação de condições para acabar com o sofrimento do povo palestino, são a única maneira de garantir que a paz será estabelecida», afirmou.Guterres reiterou a posição da ONU de que os colonatos de Israel são ilegais à luz do direito internacional, considerando-os «um grande obstáculo que precisa ser removido» para que seja possível uma solução de dois Estados.No próprio dia em que se encontrou com António Guterres, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, participou num comício realizado no colonato de Barkan para comemorar o 50.º aniversário da ocupação israelita da Margem Ocidental. «Estamos aqui para ficar, para sempre. … Não haverá mais retirada de colonatos na terra de Israel [na Margem Ocidental ocupada]», afirmou, numa atitude de descarado confronto com a legalidade internacional e de desafio à ONU,cujas resoluções Israel sistematicamente desrespeita. Actualmente existem cerca de 700.000 colonos israelitas na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupadas.Durante a sua visita, Guterres encontrou-se com Netanyahu e o presidente de Israel, Reuven Rivlin, e com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina.O secretário-geral da ONU deslocou-se igualmente à Faixa de Gaza e apelou ao levantamento do bloqueio a que este território palestino está sujeito por Israel desde há dez anos, caracterizando a situação aí existente como «uma das crises humanitárias mais dramáticas que já vi em muitos anos de trabalho humanitário nas Nações Unidas».Durante a sua visita Guterres encontrou-se com familiares de militares e civis israelitas que se encontram em poder do Hamas, no poder na Faixa de Gaza, familiares que lhe pediram ajuda para obter a sua libertação.Esse encontro foi criticado pelo chefe do Comité Palestino de Assuntos dos Presos. Issa Qaraqe expressou a sua indignação, afirmando que a reunião representava «uma discriminação óbvia», já que o secretário-geral da ONU não organizara reuniões com representantes dos 6128 palestinos presos por Israel, 450 dos quais em regime de detenção administrativa, ou seja, sem culpa formada nem julgamento.