Airbnb vai retirar alojamentos em colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada

A Airbnb, plataforma de reserva de alojamentos através da internet, decidiu no início desta semana retirar as ofertas situadas em colonatos israelitas na Cisjordânia, território palestino ocupado pelo exército israelita há mais de 50 anos.

«Concluímos que deveríamos retirar das nossas listas os alojamentos nos colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, que estão no centro da disputa entre israelitas e palestinos», indicou o Airbnb num comunicado.

A plataforma indica que estão listados 200 alojamentos nos colonatos, mas não especifica quando é que esta medida entrará em vigor.

Há muito tempo que os palestinos e organizações de direitos humanos criticam a Airbnb por apresentar essas ofertas nos colonatos, consideraradas enganosas por não  mencionarem que se situam em território palestino ocupado. A Airbnb, tal como muitas outras empresas que fazem negócios na Cisjordânia ocupada, contribui para a economia dos colonatos e ajuda assim a manter a colonização israelita.

O secretário-geral do Comité Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, afirmou num comunicado que a decisão do Airbnb «é um primeiro passo positivo». «Era crucial que a Airbnb se conformasse com a posição do direito internacional, segundo o qual Israel é a potência ocupante e os colonatos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental ocupada, são ilegais e constituem crimes de guerra», acrescentou.

Como seria de esperar, o anúncio da Airbnb foi recebido em Israel com uma onda de condenações. O ministro dos Assuntos Estratégicos, Gilad Erdan, que dirige a acção do governo contra o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), denunciou a «postura política racista» da plataforma.

Os movimentos de colonos também reagiram com fúria à decisão da empresa, anunciando que lhe vão levantar um processo judicial, por a sua decisão representar uma «discriminação especialmente grave, ofensiva e escandalosa».

Por seu lado, o ministro israelita do Turismo, Yariv Levin, reagiu à decisão da empresa estado-unidense dando instruções ao seu ministério no sentido de restringir as operações da Airbnb em Israel e exigiu que ela cancelasse a sua decisão «discriminatória».

Além do sério revés político, Israel vê-se confrontado com um dilema de difícil solução se quiser avançar com uma restrição da Airbnb. A indústria turística, que se encontra em expansão e é de grande importância económica para o país, depende em larga escala dos alojamentos privados oferecidos pela empresa, já que carece de hotéis em número suficiente. Por exemplo, 51% dos turistas em Tel Aviv marcaram alojamento através da  Airbnb.

Segundo a organização israelita Peace Now, que monitoriza a actividade de colonização israelita nos territórios ocupados, no ano e meio desde que o presidente Trump tomou posse, foram aprovadas cerca de 14 454 unidades na Cisjordânia ocupada, mais do triplo do que foi aprovado no ano e meio anterior.

Desde a ocupação da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em 1967, entre 500 000 e 600 000 israelitas instalaram-se em colonatos israelitas no território palestino ocupado, todos eles considerados ilegais pelo direito internacional.

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