EUA chantageiam palestinos, ameaçando parar financiamento a agência da ONU de assistência aos refugiados

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na passada terça-feira, 2 de Janeiro, que os Estados Unidos podem cessar a futura ajuda finaceira aos palestinos, acusando-os de «já não estarem dispostos a falar sobre a paz» com Israel. Trump disse no Twitter que Washington dá aos palestinos «CENTENAS DE MILHÕES DE DÓLARES por ano e não obtém apreciação nem respeito. Eles nem sequer querem negociar um tratado de paz há muito necessário com Israel ... se os palestinos já não estão dispostos a falar sobre a paz, por que havemos de lhes fazer estes pagamentos maciços futuros?»
Na sequência da decisão estado-unidense de reconhecer Jerusalém como capital de Isral, os palestinos consideraram que essa decisão desqualificava os EUA como mediadores. A chantagem visa fazê-los regressarem à mesa das negociações (que de facto estão em ponto morto há anos).
Os tweets de Trump foram precedidos por declarações da embaixadora estado-unidense na ONU, Nikki Haley, segundo a qual os EUA tencionam deixar de financiar a UNRWA, a agência das Nações Unidas de ajuda humanitária aos refugiados palestinos. As ameaças de Haley surgem após a resolução adoptada por maioria esmagadora pela Assembleia Geral da ONU condenando o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel e a sua decisão de para aí transferir a sua embaixada.
A UNRWA, fundada em 1949, opera na Margem Ocidental, Gaza, Jordânia, Líbano e Síria, prestando serviços a milhões de refugiados palestinos, incluindo ajuda alimentar, serviços de saúde, educação e emprego. Os EUA são o maior doador da agência, com um compromisso de quase 370 milhões de dólares em 2016, de acordo com o site da UNRWA.
Os dirigentes palestinos reagiram à chantagem dos EUA. «Jerusalém não está à venda», declarou o porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. «Jerusalém é a capital eterna do Estado da Palestina e não está à venda nem por ouro nem por prata … Não nos opomos a retomar as negociações, mas devem basear-se no direito internacional e nas resoluções da ONU que reconheceram um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital.»
«Não cederemos à chantagem», declarou Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo OLP. Por seu lado, o Movimento Islâmico de Resistência, Hamas, denunciou «uma desprezível chantagem política que reflecte a bárbara e imoral conduta americana».
 
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